Por Fabiana Fagundes Barasuol – Psicanalista
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Segundo, Armstrong (s. d), a teoria freudiana oferece duas explicações possíveis para a aparente infelicidade geral da população global: o excedente de prazer na nossa sociedade e o próprio estado da civilização. O primeiro deles – o excedente de prazer – está novamente ligado ao princípio do prazer e à possibilidade de superexposição, o que significa que “[quando] qualquer situação desejada pelo princípio do prazer é prolongada, apenas produz uma sensação de moderado contentamento” (Freud, 1929, p. 264). Numa sociedade ocidental desenvolvida como a nossa, para a maioria das pessoas, todas as necessidades ou desejos podem ser satisfeitos com um esforço mínimo. Como nos diz Goethe – e cita Freud – “nada é mais difícil de suportar do que uma sucessão de dias bonitos”. O conceito de superexposição de Freud, baseado no princípio do prazer, pode oferecer uma explicação para a prevalência da depressão nos países desenvolvidos. Segundo esta teoria, o prazer é, por um lado, onipresente e, por outro, inatingível, pois ficamos quase insensíveis à experiência. Ainda de acordo com o Mal Estar da Civilização (1929), outras explicação para esse sentimento é que o sofrimento infligido pelo próprio corpo, que está inevitavelmente sujeito à doença e ao envelhecimento e sujeito a sentimentos de dor e ansiedade. O segundo é o sofrimento proporcionado pelo mundo natural e pelas influências externas, e a terceira, é a dor que advém dos relacionamentos com outros seres humanos. Freud (1917) observa semelhanças entre depressão – luto e melancolia. O luto seria uma resposta à perda real de um objeto amoroso e a melancolia não se consegue compreender conscientemente o que perdeu.
Abraham (1927) apud Armstrong (s. d.), também oferece algumas causas possíveis para a depressão, com base em seu trabalho clínico. Ele expõe quatro fatores necessários para a psicogênese da depressão. A primeira está ligada aos cinco estágios do desenvolvimento psicossexual, que são oral, anal, fálico, latência e, por fim, genital. Uma criança deve passar com sucesso por cada um desses estágios para se tornar um adulto psicologicamente saudável, enquanto a fixação em qualquer estágio pode persistir mais tarde na vida e resultar na neurose adulta. Abraham acreditava que o paciente melancólico tem fixação no estágio oral e, portanto, enfatiza demais o erotismo oral mais tarde na vida. Em segundo lugar, o paciente também terá experimentado decepções amorosas precoces e repetidas na infância. Em terceiro lugar, é provável que a primeira destas decepções tenha ocorrido antes dos desejos edipianos – em que o id da criança deseja acabar com o pai e reunir-se com a mãe, mas é constrangido a fazê-lo pelo realismo do ego – foram resolvidos. Finalmente, é provável que uma repetição dessa decepção amorosa primária também tenha ocorrido mais tarde na vida de um paciente melancólico. Esses primeiros conceitos psicanalíticos baseiam-se no trabalho clínico de Freud e Abraham para tentar descobrir exatamente o que causa a melancolia. Estas teorias funcionam tanto a nível social como individual e oferecem algumas explicações para a prevalência e causa da depressão.
Fontes Consultadas:
Abraham, K. (1927). Melancholia and obsessional neurosis. In Douglas Bryan and Alix Strachey (Trans.), Selected Papers of Karl Abraham M.D. (422-432). London: Hogarth.
Freud, S. (1917/2001). Luto e Melancolia. Em James Strachey
(Trad.), A Edição Padrão do Completo
Freud, S. (1929/2001). Civilization and its Discontents. In James Strachey (Trans.), The Standard edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud, Volume XXI (19271931). London: Vintage.
Armstrong – Sheila – What can psychoanalysis tell us about depression? STUDENT PSYCHOLOGY JOURNAL VOLUME I